A médica pneumologista Mônica Corso Pereira, professora da Faculdade de Ciências Médicas e chefe da Pneumologia no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, esclarece algumas questões com relação ao consumo de cigarros e o novo coronavírus.
Nicotina previne a infecção por Covid-19? Fumantes têm menos risco de contágio?
Não, não previne.
Fumantes têm mais chances de se contaminar?
Não existem estudos que demonstrem isso. No entanto, pacientes fumantes de longa data apresentam tendência a desenvolver doenças pulmonares crônicas, como bronquite crônica e enfisema pulmonar, que juntas formam o que chamamos de DPOC, uma sigla para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. A DPOC é considerada um fator de risco para formas graves de COVID-19. Ou seja, uma vez infectados, a chance de um portador de DPOC de ter pneumonia por SARS-COv 2 é maior que um paciente sem DPOC.
Porém, o próprio tabagismo leva, mesmo em indivíduos assintomáticos, a um estado alterado de inflamação nos pulmões, o que pode, em alguma medida, modificar a resposta do indivíduo frente ao vírus.
Caso um fumante seja contaminado por Covid-19, os sintomas são diferentes em relação a uma pessoa não fumante?
O paciente fumante, especialmente quando portador de bronquite crônica, tem tosse crônica, e um dos sintomas típicos da doença COVID-19 é a tosse. Além disso, o paciente com DPOC tem falta de ar , outro sintoma clássico da COVID-19. Formas graves de DPOC tem queda crônica na oxigenação, outro sinal clássico da COVID-19. Ou seja, os sintomas são superponíveis entre as duas condições (DPOC e COVID-19).
Pessoas fumantes com frequência apresentam tosse crônica. Deste modo, devem considerar sintomas de alerta para infecções virais (e neste momento, para COVID-19) a presença de intensificação da tosse, mudança do padrão da tosse, ou aparecimento ou intensificação da dispneia (falta de ar). Na COVID-19 deve-se ter atenção também para febre e para sintomas de vias aéreas superiores.
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